MIASTHENIA - XVI / BATALHA RITUAL . RELANÇAMENTO HISTÓRICO DA MISANTHROPIC RECORDS



Por Tiago Siqueira / Akkeldama Zine
Nota: 10.
A primeira década dos anos 2000 foram cruciais para a definitiva consolidação do Miasthenia como um dos maiores expoentes do Southern Black Pagan Metal não só em nosso país, continente, mas também ao redor do mundo! Com uma obra única, um conceito até então inimaginável, originado ainda lá nos 90, a banda foi desbravando com todo o seu arcabouço sério e profissional, uma carreira que desconhece fronteiras e que se acentua à cada novo álbum lançado, até os dias atuais. A abordagem dos mitos, história e lendas do passado pagão sul americano, ganhou voz inédita e trouxe à lume uma faceta que muitos desconheciam, principalmente no meio Black Metal brasileiro, sobre a riqueza de uma América Austral, repleta de reinos, glórias e vida pulsante, antes da chegada do invasor cristão europeu no Século XVI. Tais relatos ganham força e legitimidade no fato de Suzane Hécate, a única integrante da formação original, possuir doutorado em História, com especialização na América pré-colombiana.
Para o deleite dos velhos fãs e das novas gerações, a gravadora brasiliense Misanthropic Records, cujo mentor Canis também acompanhou a história da banda desde seus dias primevos, lançou há não muito tempo no mercado uma edição super luxuosa dos dois primeiros discos do Miasthenia em um digipack duplo, cheio de atrativos e informações históricas. O Digipack em questão, no formato de 3 abas com um encarte interno obedecendo o lay-out dos discos originais, traz os dois CDs individuais para cada disco “XVI” (2000) e “Batalha Ritual” (2003), ambos remasterizados, mas sem tirar o brilho e peso das obras originais. Um texto muito bem escrito por Slanderer Possessed, editor do antigo Deusdemoteme Zine e membro da banda Unborn, traça um panorama histórico sobre a época que deu origem aos dois discos clássicos e demais peculiaridades da banda. A arte da capa ficou à cargo do excelente artista paulistano Marcio Menezes (Blasphemator Art), ganhando a colorização digital de Fabrício de Castro e a organização do lay-out por Slanderer Crowley, deixando impressos na obra a beleza ancestral do paganismo do Sul!
No quesito musical aqueles que não conheceram tais discos podem esperar uma música cheia de atmosferas, melodias, muitas variações de ritmos, guitarras pesadas, solos melódicos e os vocais rasgados de Hécate em passagens audíveis, entoados em português. Essa simplória descrição desse que vos escreve não tira o brilho do Black Pagan Metal único e original em todo o mundo, que não encontra similares, feito por essa banda brasiliense, que tivemos a honra de ver nascer lá em meados dos 90.
Não há como concluir o review sem deixar uma nota de agradecimento ao empenho, sensibilidade e visão artística (muito mais que mercadológica) da Misanthropic Records em disponibilizar esse belíssimo registro histórico que tanto engrandece o Metal brasileiro!

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